O Mosteiro de Strahov

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“Após 1989, com a queda do regime, os monges regressaram, e Strahov, para além da face visível ao visitante, é de facto um mosteiro em actividade.”

Numa outra cidade, o mosteiro de Strahov seria só por si uma estrela. Mas localizado em Praga, perde-se entre o brilho do Castelo de Praga e a magnífica colina Petrin, rodeado por uma multidão de atracões menores, como o Loreto. Mas este velho senhor trás atrás de si uma longa história, que faz dele um dos edifícios mais antigos da cidade.

Foi construído inicialmente em 1140, erigido pela Ordem dos Premonstratenses. O fogo destruiu-o em 1258, o que permitiu uma reconstrução sob a égide do estilo gótico. A vida do mosteiro decorreu relativamente tranquila durante cerca de 500 anos. Foi pilhado, primeiro pelos Hussitas, depois, durante a Guerra dos 30 Anos, pelo exército sueco. Em 1742, foi bombardeado pelos franceses. Mas a situação mais delicada viveu-se em 1787, quando a dissolução dos mosteiros do Império foi ordenada por José II.

Contudo, os monges fintaram a ameaça: declaram Strahov como uma instituição escolástica, e tornaram-se assim um dos poucos mosteiros a escapar à extinção, talvez mercê da admirável biblioteca que já então haviam constituído. Não tiveram igual sorte após a tomada de poder dos comunistas (1948), quando a instituição foi de facto encerrada.

Após 1989, com a queda do regime, os monges regressaram, e Strahov, para além da face visível ao visitante, é de facto um mosteiro em actividade. Para informações mais detalhadas sobre a história do Mosteiro, poderá consultar a respectiva secção do seu website (em inglês).

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Hoje em dia o turista pode optar entre uma simples observação exterior dos edifícios ou pagar para aceder aos pontos de interesse que se abrigam no seu interior. Se optar pela primeira hipótese, deverá atentar na figura imponente do mosteiro a partir da colina Petrin, procedendo a uma aproximação gradual até chegar junto ao edifício.

Durante uma parte do ano, encontra-se aberto um restaurante com esplanada que oferece uma vista sumptuosa sobre uma das áreas mais nobres da cidade. Os preços são algo exagerados, mas recomendo o pequeno sacrifício na bolsa. Apreciar aquela vista prolongadamente enquanto se toma uma refeição ou se saboreia uma simples bebida, vale a pena.

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As visitas ao interior estão dependentes da aquisição de mais de um bilhete, consoante as áreas que se desejam visitar. Talvez o melhor seja inquirir no local quais as opções, mas deixo desde já a indicação dos principais chamarizes:

Basília de Nossa Senhora

Dedicada a São Norberto, o fundador da Ordem dos Premonstratenses. A decoração interior é da responsabilidade de Neunhertz, que em 1774 pintou os frescos que podem ser ali observados, explorando a temática da Virgem Maria e trechos da vida de São Norberto. Destaque ainda para o altar construído com mármore de Slivenec, para as esculturas de Ignác Platzer (1768) e para o órgão, que Mozar usou para um pequeno recital aquando da sua visita ao Mosteiro, em 1787.

O Salão Teológico

Por outras palavras, a biblioteca nobre, que alberga cerca de 18.000 volumes, incluindo o livro mais pequeno do mundo. Esta secção foi terminada em 1679, sob a direção do abade Jeroným Hirnhaim.

O Salão Filosófico

Alberga o grosso da biblioteca de Strahov, com cerca de 42.000 volumes. Construído em 1782, quando Václav Mayer era abade.

A Sala das Curiosidades

Alberga uma espécie de museu, cujo espólio foi transferido para Strahov em 1798, proveniente do palácio de Jan Erben. Uma das peças mais curiosas é o conjunto de vestígios de uma ave Dodo, extinta há muito, pelos exploradores europeus. De resto, a coleção é variada, composta por peças tão díspares como insetos dissecados, armas rurais usadas pelos Hussitas, minerais e cerâmicas.
[mais informações sobre a biblioteca, seus salões e sobre a “Sala das Curiosidades – em inglês].

A Galeria

Desde sempre o Mosteiro de Strahov desempenhou um importante papel no plano das artes e letras. Não é assim surpreendente que no século XVIII a coleção de arte da instituição fosse já constituída por um espólio interessante. Em 1834 o abade Jeroným J. Zeidler decidiu partilhar com o público cerca de 400 telas, número que foi crescendo com o tempo. Com a dissolução do Mosteiro imposta pelos Comunistas, a coleção dispersou-se. Entre 1992 e 1993 trabalhou-se na recuperação do espólio inicial, e o público pode uma vez mais apreciar a mostra de pintura organizada pelo Mosteiro, abarcando trabalhos realizados entre os séculos XIV e XIX. Para visitar a galeria é necessário adquirir um ingresso específico.

Como ir: Localizado na periferia do centro, por detrás do Castelo e ao lado da colina Petrin, o mosteiro atinge-se bem a pé, mas para quem quiser vir directo da zona do rio, poderá apanhar o eléctrico 22.

Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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