Depois de mais um Verão em Portugal, como mandam os costumes e as necessidades prácticas, aqui estou de novo. Fazendo as contas, é a oitava vez que aterro no aeroporto de Praga. Mentiria se disesse que em todas as ocasiões anteriores a história se repetiu. Não, foi quase sempre diferente, mas agora, por fim, a rotina está-se a instalar. Isso na chegada, porque em Praga as coisas vão mudando. Desde quando é que o revisor de bilhetes entra no autocarro e dispensa os turistas de fiscalização?? Não! Algo está errado. A tradição manda que seja ao contrário: os estrangeiros são o saco de pancada dos revisores, sempre foram… o que se passa aqui? E como é que se pode compreender que o “picas” seja sorridente e espalhe “Ok’s” pelo espaço de acção? Decididamente, Praga muda. Já não bastavam os polícias que começam a falar inglês, os condutores que se vão apercebendo do conceito de “passadeiras”. Agora até os revisores são simpáticos.

Estou a ficar com amigos. O antigo apartamento, lar de tantas aventuras, tantos sentimentos, tanta vivência foi-se. Adeus Na Struze. A memória perdurará, sempre. E com isto, ainda não visitei a Praga dos sonhos, o centro, o icone turístico, a cidade de encantar. Nas idas e vindas, entre as conversas que urge pôr em dia e obrigações diversas, não vi tão pouco o rio Vltava, a imagem de marca de Praga. E já se passaram três dias. O primeiro, foi para recuperar… e para comparecer numa festa com muita cerveja… o segundo, para trabalhar…. o terceiro, para ir a Krivoklat (já vamos aos esclarecimentos) e para, imaginem só, comparecer a uma festa com muita cerveja.

E pois, Krivoklat. O meu percurso de hiking favorito, tão equilibrado, tão diverso, tão belo. Começando na castiça aldeia de Zbecno, e depois caminhando lado a lado com o rio Berounka, passando junto às pictorescas “chatas” (casas de campo checas, para usufruto de fins-de-semana e férias), entrando pela montanha adentro, rodeado de bosques de altas árvores, até chegar lá acima, de onde a vista sobre o vale impera. Por fim, chegando ao castelo de Krivoklat, e regressando no comboio campestre, de duas carruagens apenas, a fazer lembrar as travessias dos Alpes. Tive que lá ir hoje, porque amanhã terei que por lá passar. Hoje em exploração, amanhã em trabalho. Os caminhos-de-ferro encerraram um troço essencial para alcançar Krivoklat, e como amanhã tenho clientes a irem lá comigo, tive que me largar a encontrar alternativas de transportes. Correu tudo bem. Depois das primeiras horas em Praga a serem algo frustrantes, hoje o dia foi em cheio. Deu para lavar os pulmões e a alma.

Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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