“Foi então que o rei se lembrou de ordenar a construção da muralha, na qual as pessoas participariam a troco de alimentos.”

Onde quer que o visitante se encontre na zona central de Praga, dificilmente deixará de ter sob a sua vista a colina de Petrin, um espaço arborizado a arejado localizado na margem oeste do rio Vltava. O que poucos sabem é que sensivelmente a meio dessa colina se encontra uma muralha, que separa os jardins de Kinski do restante espaço. Apesar de pouco subsistir do muro original, uma bizarra história envolve a estrutura. A muralha original foi construida entre 1360 e 1362, a mando do rei Carlos IV, com pedra retirada da própria colina de Petrin, para fortalecer a linha de defesa do castelo e de Mala Strana contra ataques provenientes de sul e de oeste. Esta obra inicial teria uma altura de cerca de quatro metros e uma largura de dois metros, sendo reforçada com oito bastiões. Em 1624 a muralha foi submetida a trabalhos de reparação e reforçada no século XVIII. Posteriormente foi reparada, nomeadamente em 1923 e em 1975. Actualmente existem cerca de 1.200 metros de muralha, elevando-se em média a seis metros de altura.

Segundo a lenda,  a muralha foi construida com uma finalidade social: 1361 foi um ano de más colheitas, que conduziram a uma grande fome junto da população de Praga. Foi então que o rei se lembrou de ordenar a construção da muralha, na qual as pessoas participariam a troco de alimentos. Foi assim que a construção ganhou o nome de Muralha da Fome, em checo Hladová zeď. Como curiosidade, a expressão checa passou a denominar na generalidade as obras públicas que o povo considera inúteis.

Outro mito relacionado com a estrutura, referenciado nas crónicas de Václav Hájek z Libočan e de Bohuslav Balbín, afirma que o próprio rei passou algum tempo a trabalhar com as suas próprias mãos na construção do muro, de forma a estar em contacto com o seu bem amado povo.

Como ir: Pode ser vista em toda a longitude da colina Petrin, mas poderá observar o início do troço que hoje se encontra de pé em Ujezd junto ao Monumento às Vitimas do Comunismo.

 

Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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