“O monumento é interessante durante o dia, porque os pormenores podem ser observados nas melhores condições, mas é à noite, em virtude de um dramático sistema de iluminação, que o impacto é maior.”

No dia 22 de Maio de 2002 era inaugurada esta polémica escultura de homenagem às vítimas do regime comunista que controlou o país entre 1948 e 1989. O trabalho, da autoria do escultor Olbram Zoubek e dos arquitectos Jan Kerel e Zdenek Hoelzel, era inicialmente constituido por um grupo de sete estátuas – uma delas foi destruida por um ataque à bomba em 2003 – representando a degeneração que um regime daquele tipo provoca no ente humano.

O monumento, designado em checo de Pomník obětem komunismu, encontra-se disposto numa plataforma em escada, onde se pode ler uma placa explicativa: 205,486 prisões, 170,938 exilados, 4,500 mortos nas prisões, 327 abatidos enquanto tentavam fugir, 248 executados. Para além dos números, consta a frase: “Este memorial é dedicado a todas as vítimas: não apenas aos que foram emprisionados e perderam a vida, mas também aos que viram a sua existência arruinada pelo despotismo totalitarista”.

A inauguração foi marcada por alguma controvérsia. Alguns notaram a inexistência de figuras femininas entre as esculturas. E a Confederação dos Prisioneiros Políticos, que basicamente coordenou todo o processo, realçou a inexistência de apoios por parte do Governo Central: a disponibilização do local e a maioria dos fundos necessários provieram daquilo a que podemos chamar de Junta de Freguesia de Praga 1, na altura controlada pelo Partido Democrata Cívico, liderado então pelo actual Presidente, Vaclav Klaus, que contudo decidiu não estar presente na cerimónia de inauguração.

O conjunto de estátuas de bronze representa de forma bastante gráfica a decomposição humana. Da primeira para a última o avanço da malevolência é notada pela queda de “bocados”. A primeira figura, apesar da expressão de sofrimento facial e da postura corporal, mostra um corpo completo, enquanto a segunda mostra aparentemente a mesma pessoa, parcialmente amputada… e a degeneração prossegue, mal se reconhecendo a morfologia humana da última escultura.

O monumento é interessante durante o dia, porque os pormenores podem ser observados nas melhores condições, mas é à noite, em virtude de um dramático sistema de iluminação, que o impacto é maior. Se a zona estiver coberta de neve, o efeito é ainda mais intenso.

Como ir: Bem no centro, poderá chegar facilmente a pé se estudar o mapa.

Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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