“O Zoo de Praga é hoje um moderno parque, em constante processo de aperfeiçoamento. Os habitats são adequados, e alguns permitem mesmo uma certa interacção entre visitantes e animais.”

É compreensível que o viajante comum não considere a visita a um Zoo como uma prioridade no seu planeamento. Uns, nem acharão piada a este tipo de espaços, outros considerarão que tendo em conta o pouco tempo disponível, haverá sempre coisas mais importantes para ver. Mas não consigo resistir a incluir o Zoo de Praga neste guia. A sua qualidade assim o dita.

Durante décadas o Zoo de Praga foi um local desinteressante, mal cuidado, com “habitats” obsoletos e infra-estruturas desadequadas Mas… comecemos pelo início. As origens do Zoo remontam ao ano de 1881. Por ocasião do casamento do príncipe herdeiro do Império Austro-húngaro, que então dominava as terras da Boémia, com a princesa Stéphanie da Bélgica, o conde Sweerts-Spork apelou à construção de um parque zoológico em Praga.

O próximo passo deu-se num novo mundo: com o final da I Guerra Mundial e a fundação da República da Checoslováquia, um dos primeiros passos do novo Governo foi estabelecer uma comissão para preparar a formação de um Zoo. Corria o ano de 1919. Doze anos depois, em 1931, era inaugurado o Zoo de Praga.

Em 1997 Petr Fejk assumiu a direcção da instituição. O seu trabalho é considerado um exemplo de gestão e profissionalismo, e quando o seu abandono foi anunciado, em 2009 [sobre Petr Fejk], a consternação tomou conta de funcionários e amigos do Zoo. Mas a consagração do trabalho desenvolvido tinha já chegado, quando em 2008 a prestigiada revista Forbes cotou o Zoo de Praga como o sétimo melhor do mundo [lista completa].

Uns anos antes, em 2002, a catástrofe abateu-se sobre o Zoo de Praga. Quando umas das piores cheias do rio Vltava submergiu as áreas ribeirinhas da cidade, o Zoo foi terrivelmente atingido. Estimativas erradas sobre o nível da subida das águas induziram os técnicos do Zoo em erro. Os animais foram movidos para uma área que acabou por ser submersa pelas águas em fúria. A bicharada entrou em pânico, sentido no ar o cheiro da ameaça e do nervosismo dos seus tratadores. Foram horas de grande drama, e, quando tudo acabou, dezenas de animais tinham morrido e as instalações mais preciosas estavam destruídas.

Mas voltemos à actualidade. O Zoo de Praga é hoje um moderno parque, em constante processo de aperfeiçoamento. Os habitats são adequados, e alguns permitem mesmo uma certa interacção entre visitantes e animais. É o caso dos lémures, que podem vistos de muito perto. A natureza pacífica e social destes animais permitiu a abertura do seu espaço às pessoas, oferecendo uma experiência diferente a todos aqueles que visitam o Zoo.

Os meus animais / habitats favoritos:

  • Tigres de Bengala; separados dos visitantes por um painel de plástico translúcido que coloca animais e humanos, num face a face de uns meros 20 centímetros. Se o tigre estiver disposto a aproximar-se, o que pode suceder mas não é garantido;
  • Chitas; ocupando uma vasta parcela de terreno, surgem no seu topo como se estivessem em liberdade; são uma visão impressionante, mesmo a partir do exterior do Zoo;
  • Lémures; para além de serem uns animais sempre engraçados, a possibilidade de entrar no seu habitat é algo novo, uma sensação a experimentar;
  • Lontras; se visitar à hora da refeição (à entrada existe um painel com todas as horas de alimentação dos animais) são um espectáculo imperdível!
  • Girafas; são muitas, de todos os tamanhos, e partilham o seu habitat com mais animais da savana africana, que, de resto, é reproduzida à letra, numa área quase tão extensa como a que os animais encontrariam em liberdade;
  • Suricatas; adoro estes pequenos animais gregários, a sua energia e o seu organizado sistema de vigilância;
  • Abutres; apenas se conseguir observá-los após ter sido servida a refeição. Os rituais de competição pelos melhores pedaços são dignos de observação;
  • Crocodilos Piscivoros; pela perspectiva que o habitat oferece, pelo toque de diferença em relação aos crocodilos que estamos habituados a ver, pela espectacularidade do seu “bico” adequado para a apanha do peixe.

As infra-estruturas são adequadas, com diversos pontos de comes e bebes (apesar da variedade ser escassa, muito centrada na venda de salsichas, uma incontornável tradição checa); não falta o habitual teleférico, as lojas de venda de lembranças, as máquinas automáticas de bebidas. Pode-se até usar de forma gratuita uns postos espalhados pelo Zoo que permitem a recolha de uma imagem e imediato envio por email. A sinalização é abundante mas por vezes confusa. Aconselha-se a compra de um mapa do Zoo na bilheteira, por umas quantas Coroas adicionais.

De resto, as entradas neste Zoo são notoriamente económicas. Apenas com uma pontinha de exagero, pode-se dizer que um livre trânsito anual custa o mesmo que um bilhete regular para o Zoo de Lisboa. O ingresso diário vale aqui cerca de 5 Euros (Abril a Setembro) ou 2,50 Eur (Outubro a Março). Mas visitar nos meses de frio é uma experiência desoladora, que não aconselho. A maioria dos animais estará recolhida e o espaço é deixado a um abandono controlado.

Se planeia dar uma vista de olhos pelo Zoo, tente não ir ao fim-de-semana. Este é um dos locais favoritos das famílias de checos, que de resto adoram jardins zoológicos: em 2007, da lista de locais mais visitados na República Checa, constam três zoos. O de Praga surge em segundo lugar, com 1,27 milhões de visitas, apenas batido pelo Castelo de Praga e os seus 1,42 milhões de visitas.

Para mais informações aconselho a visita ao website do Zoo.

Como ir: Pode chegar ao Zoo depois de um delicioso passeio a pé pelo Parque Stromovka, ou apanhar o eléctrico 17 no centro, junto ao rio, saindo na paragem Trojska, andando uns 100 metros no sentido da marcha do eléctrico, virando à esquerda e apanhando o autocarro 112 directo para o Zoo.

Páginas Relacionadas:

Zoo de Praga (website oficial)
Sobre Petr Fejk

 

Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

4 Comentários

  1. […] Praga oferece ao visitante dois jardins botânicos. O primeiro, mais antigo, encontra-se sob a tutela da Universidade Karlova. Depois há o Jardim Botânico de Troja. Localizado na orla da cidade, pode mesmo assim ser alcançado a pé a partir do centro, o que de resto se recomenda, pois constitui-se assim um belo passeio, que inclui o Parque de Exposições de 1891, o parque Stromovka e, para quem desejar, o Zoo. […]

  2. Olá, Ricardo! Tudo bem?
    pode me dar uma ajuda? vou à Praga em maio e gostaria de saber se devo comprar antecipadamente os ingressos para este zoo, pela internet, ou se posso comprar no dia. Obrigada.

    • Oi Júlia, claro. Pode comprar no mesmo dia sem problema algum. Será melhor se evitar os dias do fim de semana, apenas porque nessa altura o pessoal local vai muito até lá e fica muito povoado, só isso. Entretanto, se vai fazer reservas de alojamento no booking.com e ainda nãp fez. seria ótimo se usasse o meu link para o fazer, para voce é igual e sempre ganho uma pequena recompensa aqui 🙂

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here