Regras de Etiqueta

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Na Rua e Transportes Públicos

Os checos, aparentemente devido aos longos anos de repressão que viveram entre 1948 e 1989 tornaram-se taciturnos, sérios. Apesar de segmentos das novas gerações, que hoje frequentam os liceus, terem uma atitude diferente – por vezes de forma radical – a população em geral mantém os velhos hábitos. Dizem os mais velhos que nos anos mais pesados da ditadura comunista, um cidadão podia atravessar Praga no eléctrico sem ouvir um murmúrio. Claro que hoje as coisas não são bem assim, mas falar alto e em demasia em espaços públicos é visto como falta de educação. Tente ter isto em mente quando visitar a cidade, e não levante a voz nem grite de um lado para o outro. Se tem algo a dizer a um elemento do seu grupo, será melhor que se desloque até ele e lhe transmita a mensagem.

Note que os checos não têm qualquer problema em aplicar uma reprimenda em quem quer que eles achem que está a passar a linha do comportamento aceitável. Talvez tratando-se de um estrangeiro se fiquem pelo olhar reprovador, mas é possível ver alguém dirigir-se a um jovem e chamar-lhe a atenção sobre o seu comportamento; já vi um adolescente de origem vietnamita levar um valente puxão de orelhas por ouvir música no seu leitor de MP3 a um nível considerado inadmissível pelos seus vizinhos de autocarro, e já vi um adulto tocar no ombro de outro que falava alto ao telemóvel e fazer o movimento de mão característico… “mais baixo, por favor”.

Os checos têm um gosto especial pela boa ordem das coisas, e tendem a caminhar da mesma forma que conduzem: pela direita. Se tentar andar aleatoriamente em zonas mais povoadas, como os corredores do Metro, não se admire se lhe forem dirigidos palavras desagradáveis vindas de quem está a andar na devida “mão”. E nas escadas rolantes, deixe sempre o espaço da esquerda para as pessoas que querem subir mais rápido. Esta regra é tomada muito a sério.

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Nos eléctricos e autocarros, não tente falar com os condutores, nem mesmo para pedir uma informação. Não é normal, parecerá estranho e muito provavelmente não obterá qualquer resposta. Em relação aos passageiros, tenha em conta que apesar de manchas comportamentais a roçar o azedume crónico, os checos (pelo menos os adultos) são de uma gentileza generalizada neste aspecto: dar lugar aos mais necessitados. De resto, se estiver sentado num lugar reservado a idosos, marcados por um autocolante com uma cruz verde nas suas imediações, não se atrase a levantar se alguém nessas condições entrar: os idosos podem ser lentos a andar, mas são extremamente rápidos na reprimenda. Nos eléctricos, se não existirem cadeiras disponíveis ou simplesmente não lhe apetecer sentar, evite ocupar o espaço na retaguarda, que se encontra reservado a carrinhos de bebé e a pessoas com cães, neste último caso, de forma tácita.

Cumprimentos

Os checos não se beijam socialmente e preferem evitar o toque humano. Até ao aperto de mão, é aceitável. Outros contactos, como a mão amigável no ombro, são geralmente ser muito incomodativo para quem os recebe e devem ser evitados de todo. O cumprimento verbal a usar será “Dobry Den”, que significa bom dia, apesar de ser aplicado a qualquer parte do dia, desde manhã até á noite. Existem outras palavras, como “cau” (que se diz “xau”) ou “Ahoj” (que se diz “ahói”) mas para as utilizar a relação não pode ser formal.

Gorjetas e Pubs

Não é socialmente aceitável que se deixe uma gorjeta em cima da mesa, como é natural em tantos países. O valor da gorjeta deverá ser anunciado ao empregado no acto de pagamento, recebendo-se o troco em conformidade. Se existirem dificuldades de comunicação, entregue de imediato o que desejar ao funcionário, antes deles se afastar. Não sei se este hábito se desenvolveu pelo medo de ver as gorjetas desaparecer das mesas, ou se deixar as moedas ao sair é considerada uma atitude de desdém.

O valor habitual para gorjetas – que só são comuns em estabelecimentos de restauração – varia entre os 10% e os 20%. Não se coíba de não deixar nada se o serviço for extremamente insatisfatório. E sublinhei “extremamente” porque os padrões checos de qualidade de serviço são bastante mais baixos que a média. Não é pouco frequente que após ser bastante mal atendido comente para os meus amigos: “- Acabei de poupar uma gorjeta”.

Agora atenção! Há um “crime” social grave na República Checa. Se estiver a beber uma cerveja e encomendar outra, não se atreva, nem pense sequer, em verter o liquido da anterior para a mais recente. Outra dica: o cliente deverá colocar uma base para copos no lugar a tempo de receber o canecão de cerveja. A ausência de uma base na mesa quando o empregado vier entregar as bebidas é considerada má educação.

Já agora, uma indicação paralela: nos pubs e cervejarias mais tradicionais, é comum e aceitável, que o empregado traga mais cerveja sem esta ser encomendada. Diz a tradição local que há três maneiras de evitar isto: a primeira, é pagar a conta; a segunda, claro, é não esvaziar (nem nada que se pareça) o copo: a terceira, mais drástica, é deixar-se dormir sobre o tampo da mesa; o que pode parecer uma piada mas não é. Não é raro ver um ou mais checos a dormir sobre as mesas do seu pub favorito.

Se brindar com um checo, olhe bem nos olhos no momento em que tocar com os copos. Diz-se, meio na brincadeira, que falhar nesta obrigação custará ao infrator uma série de anos de má vida sexual.

Por fim, é costume generalizado deixar as mesas próximas do balcão para os clientes habituais da casa. Os estabelecimentos um pouco mais formais podem colocar uma etiqueta de “reservado” nestas mesas, mas por via das dúvidas, mesmo que não veja nenhuma indicação escrita, não tente sentar-se nas proximidades do balcão.

Leve a sério os Títulos

Desde há muito que os Checos são conhecidos por levarem bastante a sério os seus títulos académicos e honoríficos. Não tratar, por exemplo, um engenheiro pelo seu título é considerado uma gafe. Se tem um encontro mais formal, tente informar-se dos títulos das pessoas que vão estar presente, e use-os.

Um Convite mais Pessoal

Se for convidado para casa de um checo, deverá ter em atenção que a esmagadora maioria dos habitantes locais se descalçam ao entrar em casa… e esperam o mesmo das visitas, mesmo que se trate de uma ocasião mais formal ou social. Sugiro que se se vir nesta situação, e na dúvida, faça menção de tirar os sapatos. Ninguém, mas absolutamente ninguém, encarará isso como bizarro, e se a regra a observar for manter-se calçado, ser-lhe-á dito. Escusado será mencionar que se aconselham meias em excelentes condições… e, embora dificilmente venha a ser o caso de um visitante de ocasião, é aceitável levar as suas próprias pantufas quando visitar um amigo. Por outro lado, podem ser-lhe oferecidas as pantufas para visitas, das quais os checos mantém geralmente um bom stock.

Já agora, se for convidado para jantar, leve flores. É o equivalente checo do nosso vinho. É de muito bom tom os convidados oferecerem flores aos anfitriões. Mas atenção, isto, apenas se existir uma “dona de casa”.

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Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

5 Comentários

    • Oi Alessandro, é mais ou menos isso, só que pessoalmente eu prefiro o mau humor honesto do que o sorriso hipócrita. Tem mais.. não foi só uma guerra e logo após um regime bem opressor… o povo checo é dominado e maltratado por estrangeiros desde quase sempre… apenas por um breve período, entre 1918 e 1938, tiveram a sua própria nação, que apenas recentemente recuperaram. Mas compreendo perfeitamente que seja preciso gostar para apreciar este país e este povo.

      Tem uma coisa: quanto mais turístico é um local (cidade, país, etc), mais antipático o povo se torna, especialmente para os estrangeiros. Chama-se saturação. Aqui em Portugal essa evolução é bem clara.

      Polónia: Alessandro, aqui está completamente enganado. A Polónia é o país com uma sociedade extremamente doente, com graves problemas de todo tipo, inclusive económico. Na Polónia voce vai a caminhar na rua e vem um gorila e te dá um soco bem no olho só porque não vai com a sua cara, porque você é estrangeiro. Isso é practicamente impossível na Rep. Checa. Este é apenas um exemplo. A Polónia tem as claques de futebol provavelmente mais violentas da Europa, há partes das grandes cidades onde você não pode ir (não acontece em parte alguma de Praga). A Polónia tem um governo de extrema-direita a roçar o fascista. É melhor não comparar, isso aí foi porque você esteve de passagem 🙂

  1. Peço licença para comentar.

    Achei a cidade linda. Um museu a céu aberto.
    Porém , achei o povo muito mal educado, ríspido, beirando a grosseiros.
    Por ser uma cidade turística , deveriam ser muuuito mais gentis.
    Sei lá , essa foi minha humilde impressão, e já peço escusas, aos que têm diferente opinião .

    O fato de ter havido uma guerra e logo após , um regime bem opressor, acredito ter mudado um pouco a essência do povo do centro Europeu .

    Achei a Polônia , particularmente, um povo muito mais gentil e educado.

    Não voltarei a Praga. O que ví , em linhas gerais, não me agradou .

    Cordialmente

    • Eu estive lá em Setembro/18 e tive a mesma sensação, nos restaurantes e nas lojas, as pessoas eram frias e as vezes mau educadas, mas eu acho que isso fazia parte daquela atmosfera rustica e medieval, mas em contrapartida a cidade é incrível é como viajar no tempo, todos os prédios e ruas são bonitos, e sem mencionar a cerveja que é barata e muito boa, a que eu mais gostei foi a Kozel escura, que cerveja, 500 ml por 1,50 euros, fiquei 3 dias, sendo apenas 2 inteiros, mas teria ficado mais, vale a pena conhecer e sim é tudo o que já ouviu falar!

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