“Nesses terrenos é possível visitar vários pontos de interesse, incluindo um memorial em bronze representando as 81 crianças de Lidice que foram executadas, um museu e alguns discretos vestígios da antiga aldeia.”
No dia 10 de Junho de 1942 a pacata aldeia de Lidice, localizada a cerca de 10 km a noroeste do centro de Praga, foi cercada pela polícia militar alemã. Pelas sete da manhã, os homens de Lidice começaram a ser executados. Primeiro, em grupos de cinco; depois, para acelerar o processo, aos dez. As crianças da comunidade foram examinadas: as que apresentavam traços “arianos” foram enviadas para a Alemanha para adopção por famílias germânicas. As outras, assim como as mulheres, foram enviadas para o campo de concentração de Chelmno, onde foram executadas através de gás letal nos meses que se seguiram.
Esvaziada a aldeia, os militares alemães incendiaram as casas, utilizando em seguida explosivos plásticos para as arrasarem. Quando acabaram, Lidice e os seus habitantes tinham simplesmente sido riscados da superfície da Terra.
Toda esta violência foi desencadeada pelo assassinato do governador alemão da Checoslováquia, Reinhard Heydrich, por dois comandos de origem checoslovaca, treinados na Grã-Bretanha. Os homens haviam sido lançados de pára-quedas em Dezembro, e durante os seis meses anteriores tinham observado cuidadosamente os passos de Heydrich, planeando a conclusão da sua missão.
No dia 27 de Maio de 1942 emboscaram o carro que conduzia o governador para o escritório, desde a sua casa nos arredores de Praga. Gabčik tentou abater Heydrich com uma arma automática Sten, mas esta encravou, deixando o checo à mercê do oficial alemão, que cometeu então um erro que lhe seria fatal: em vez de ordenar ao condutor que acelerasse para retirar do local o mais rápido possível, levantou-se, tirou a sua pistola do coldre e mandou o carro parar.
Neste momento o segundo atacante lançou uma granada que explodiu junto à viatura. Heydrich não parecia especialmente maltratado, e ainda tentou encetar uma perseguição; incapaz de o fazer, ordenou ao seu motorista que fosse no encalço dos dois atacantes, que acabaram por escapar.
Existem suspeitas de que em última instância a verdadeira missão de Kubiš e Gabčik fosse, de forma indirecta, a chacina da população de Lidice e de todos os outros inocentes torturados e executados pelas autoridades alemãs na sequência do assassinato.
A forma como o governo Checo no exílio determinou esta missão, com um objectivo perfeitamente desnecessário e certamente merecedor de sangrentas retaliações, levam a pensar que as autoridades inglesas e o futuro presidente Benes procuraram fomentar o espírito anti-alemão no país, preocupados que indiscutivelmente estavam com um certo apaziguamento dos Checos perante a ocupação germânica.
A ausência de resposta por parte do governo Checo em Londres às mensagens que os resistentes no terreno lhe enviaram, solicitando o cancelamento da missão, parece dar força a esta tese. Curiosamente, do lado alemão pairam também algumas suspeitas: há quem defenda que Heydrich foi na realidade vítima do médico de Himmler, enviado para ajudar na assistência ao ferido. É que Heydrich era mencionado como um potencial candidato à sucessão de Hitler, e um dos homens na teia política do III Reich que Himmler realmente temia.
A aldeia de Lidice foi seleccionada devido à especial antipatia da comunidade local perante os ocupantes alemães e por existirem rumores de que os habitantes da aldeia tinha já auxiliado resistentes armados no passado. Já me disseram, apesar de não o ter conseguido confirmar, que em Lidice vivia uma família com o mesmo sobrenome de um dos atacantes, mas na realidade sem qualquer relação.
Actualmente existe uma nova Lidice, reconstruida logo em 1947, para albergar as mulheres e crianças da comunidade original que conseguiram regressar. Situa-se a poucas centenas de metros da área onde antes de 1942 se estendia a original Lidice. Nesses terrenos é possível visitar vários pontos de interesse, incluindo um memorial em bronze representando as 81 crianças de Lidice que foram executadas, um museu e alguns discretos vestígios da antiga aldeia. O recinto pode ser visitado livremente, mas a entrada no museu e na galeria exigem a compra de um bilhete (80 Czk em Agosto de 2009).
Páginas Relacionadas:
Memorial de Lidice (website oficial)
Lidice (artigo na Wikipedia)
Reinhard Heydrich (artigo na Wikipedia)
Killing of Heydrich (video no Youtube, Parte 1)
Killing of Heydrich (video no Youtube, Parte 2)
Killing of Heydrich (video no Youtube, Parte 3)
Killing of Heydrich (video no Youtube, Parte 4)
Como ir: De autocarro, a partir de Dejvicka; deverá tomar o autocarro que tem Kladno como destino final e confirmar com o condutor se pára em Lidice. Já agora, soa qualquer coisa como “Lídítssé”. Os bilhetes compram-se directamente ao motorista.
[…] represálias. A face mais conhecida da vingança alemã foi a destruição da aldeia de Lidice (ver artigo aqui) e o extermínio dos seus habitantes. Os movimentos de resistência foram practicamente […]
Olá, estou indo para Praga semana que vem! Estou muito interessada em conhecer Lidice. Onde posso pegar esse auto-carro na cidade para ir pra la?
Existem diversos pontos. O mais conhecido será Dejvická, a mesma parte da cidade onde chega o autocarro do aeroporto. Mas é complicado encontrar o ponto exacto de partida para Lidice, ainda para mais a zona está ou esteve em obras e tudo foi alterado. Talvez se perguntar ao pessoal do hotel onde vai ficar? Geralmente era exactamente daqui: 50° 6.028’N 14° 23.399’E. O destino final do autocarro é Kladno, mas atenção, nem todos os que vão para Kladno passam em Lidice. Pode tentar perguntar. Escolha pessoal mais novo, mas não fique surpreendido: muitos checos, se não a maioria, não gosta muito de estrangeiros e conseguem ser bastante antipáticos.